sexta-feira, 29 de julho de 2011

Tudo termina aqui.




               Já pensaram sobre a intensidade disso? Em um piscar de olhos tudo acabou. Uma vida. O último momento. O último suspiro. O final. O vazio.
                Lembro até hoje da primeira vez em que eu assisti ao filme do Harry Potter. Foi em um final de tarde. Toda a família estava na sala deitada no tapete. Sim eu primeiro vi o filme e não foi no cinema. Confesso que aluguei o filme meio relutante, queria uma comédia romântica. Quando assisti a primeira partida de quadribol, e vi como os incríveis olhos verdes do Daniel brilhavam, eu me apaixonei. A cena do Harry passeando com a Edwiges pelo pátio do castelo todo branco de neve é algo que vou guardar comigo para sempre.
                Logo depois comprei o primeiro livro para ler para os meus filhos, Caio e Davi, eles tinham três e quatro anos e não se interessaram muito pela história, já eu... viciei. Li os livros em momentos que me marcaram profundamente, no meu livro “Harry Potter e o enigma do Príncipe” a página 391 está rasgada, pois eu o lia enquanto amamentava a minha filha casula, Maria Fernanda, e justamente quando eu a estava mudando de página ela a agarrou com sua mãozinha gorda.
                Harry também foi responsável por unir minha família em momentos especiais, sempre quando eu lia um dos livros tinha que contar a história. Na mesa da cozinha, no carro, na cama antes de dormir as histórias do bruxinho eram discutidas. Quando acabei de ler o último narrar para a família que esperava afoita foi difícil, eu chorava tanto que mal conseguia falar.
                Dias após terminar de ler a história estava no carro com meu marido quando disse: “Sinto saudade física do Harry Potter.” Claro que meu marido não compreendeu, achou que eu estava enlouquecendo e até um pouco de ciúmes ele sentiu. Harry me acompanhou por tantos anos que eu me sentia de luto. Sei que vou experimentar isso novamente quando o último filme acabar. Harry é como um amigo, um irmão um filho, algumas vezes comparo o bruxinho com um espelho, eu enxergo muito de mim nele. Não, não quero que me vejam como heroína, não é isso. Assim como Harry tive uma infância difícil, e como ele, tornei-me uma adulta saudável. Sempre digo que Harry tinha todos os motivos para ser um adulto problema, como eu, mas ele conseguiu deu um rumo melhor para a sua vida. Transformou traumas, dores e revoltas em combustível para ser o oposto. Mais do que a magia, do que um poder obscuro, isso é o que me faz amar o Harry.
                Como escritora sonho em ser como J.K.Roling, aí você revira os olhos e diz “Bããã, todo escritor quer ser como a J.K.Roling. Quem não quer? Fama, dinheiro, ser o fenômeno que é aquela mulher.” Não, não é isso o que eu quero. Claro que dinheiro é sempre bom, da fama eu abro mão. Meu sonho como escritora é que Deus me de a dádiva que deu a ela, de fazer com que alguém sinta o que eu sinto quando leio o Harry. O coração acelerando, o calor que me preenche, a felicidade, as emoções e lágrimas. A identificação. Isso é o que eu mais almejo para um leitor. Que algum personagem meu, se torne tão importante para alguém com o seu Harry sempre será para mim.